A população da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, há anos enfrenta vários dilemas ensejados rápida expansão do bairro, entre eles estão o trânsito cada vez mais lento e as agressões diversas e irreversíveis ao meio ambiente, que têm afetado a qualidade de vida local. Na cidade, que se orgulha das suas belezas naturais, e que vai sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 2024), a destruição de 25.000 metros quadrados de mata, localizada no coração do bairro, entre a avenidas Afonso Arinos e a Evandro Lins e Silva, em menos de 24 horas, para a construção de um condomínio é muito mais do que uma mera contradição, revela desprezo pela própria riqueza que afirma resguardar sob o título de “cidade sustentável”, como muito bem observou a reportagem do Última Hora.

De acordo com o veículo, além de supressão da vegetação, a construção de um condomínio da Tegra Incorporadora, com prédios de apartamentos de três e quatro suítes, também vai sobrecarregar o trânsito, o abastecimento de água e o esgotamento sanitário da região. A situação gera preocupação nos moradores, que já enfrentam dificuldades para transitar de carro pela Barra, como explicou engenheiro Afonso Chaves, morador da Associação de Condomínios Residenciais Bosque Marapendi (ABM) há 30 anos:

“Hoje, já temos um problema muito sério. A Avenida Afonso de Melo Franco, por exemplo, fica com o trânsito bastante congestionado nos horários de pico. Moro na Avenida Canal de Marapendi e levo cerca de 30 minutos da minha casa até o BarraShopping, trajeto que antes eu fazia em até dez minutos. A cada dia surge um empreendimento novo”, disse ao Última Hora o engenheiro, que sugere à Prefeitura e à Tegra que apresentem um estudo de impacto de vizinhança, com suas respectivas alternativas para a redução de problemas, conforme previsto na Lei Federal 10.257 e na Lei Orgânica do Município.

Para a economista Elizabeth Merljak, residente na Avenida Dulcídio Cardoso, o empreendimento deve gerar ainda mais sobrecarga no trânsito, tornando a realização de tarefas simples, como levar os filhos ao colégio, uma demorada e estressante tarefa.

“Os engarrafamentos estão cada vez piores. Na hora da entrada dos colégios, fica tudo parado. É buzinaço ao meio-dia, a uma hora da tarde. E olha que ainda não tem gente no novo condomínio. Sem contar a destruição de uma enorme área do terreno”, lamentou a economista.

O abastecimento de água também é outro problema apontado por quem mora na região, que há nos sofre com os interrupções do serviço causadas pela falta de um adutora para atender às necessidades do bairro.

“Há alguns anos, falta muita água aqui na ABM. Os incorporadores da época não construíram uma adutora para nos atender. Este empreendimento que está sendo construído vai seccionar esta adutora antes de a água chegar aos condomínios da ABM. Será que a adutora está dimensionada para isso ou voltaremos a ter falta d’água? Não podemos ser prejudicados”, acrescentou o engenheiro Afonso Chaves.

Segundo o Última Hora, a Tegra Incorporadora teria garantido que obras serão executadas de acordo com a legislação e as determinações dos órgãos competentes. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE), por sua vez, também teria garantido que a construção conta com licença urbanística e autorização de remoção de vegetação, o que prevê análise de impacto viário e compensação ambiental.

Os moradores do Barra da Tijuca esperam que as autoridades e a Tegra Incorporadora cumpram os seus compromissos para minimizar os impactos do crecimento populacional gerado pela construção do condomínio na região, para que a Barra da Tijuca não se torne um exemplo de conflito entre desenvolvimento urbano, preservação ambiental e a qualidade de vida.

Fonte: Diário do Rio

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