Este artigo trata dessa relação de como afeta o mercado imobiliário e as empresas do setor estão se adaptando a essa nova e crescente demanda, com algumas das tendências atuais.
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A Influência dos Animais de Estimação no Mercado Imobiliário: um olhar Animalista
Nos últimos anos, a relação entre seres humanos e seus animais de estimação tem se tem se tornado cada vez mais estreita, afetando significativamente, impactando diversos aspectos da vida cotidiana, incluindo o mercado imobiliário. A presença de animais de estimação em lares brasileiros não é apenas uma tendência, mas uma realidade que influência diretamente as decisões de compra e aluguel de imóveis, refletindo uma mudança cultural que reconhece os animais como membros essenciais da família – Família Multiéspecie.
O Brasil é um dos países com o maior número de animais de estimação no mundo e essa tendência está em crescente ascensão, impulsionada por mudanças nos estilos de vida e nas estruturas familiares, bem como mudanças na vida cotidiana, o que impacta diretamente as escolhas existente no mercado imobiliário.
Transformações / Impactos no Mercado Imobiliário
1. Demanda por Imóveis Pet-Friendly
Uma das consequências mais evidentes do aumento da procura por imóveis pet-friendly: imóveis que oferecem facilidades para os animais, como áreas verdes, pet shops próximos, clínicas veterinárias e espaços específicos para pets, são altamente valorizados. Proprietários e inquilinos estão dispostos a pagar um prêmio por imóveis que ofereçam essas comodidades, tornando esse nicho de mercado bastante lucrativo.
2. Políticas e Regulamentações Condominiais
Nos condomínios, a presença de animais de estimação pode gerar conflitos entre moradores, especialmente em relação ao uso de áreas comuns e questões de higiene e barulho. Para minimizar esses conflitos, muitos condomínios têm atualizado suas regulamentações internas para incluir políticas claras sobre a presença e o comportamento dos animais. Algumas medidas incluem a criação de espaços exclusivos para pets e regras para circulação dos mesmos em áreas comuns são exemplos de adaptações bem-sucedidas. É necessário a verificação da Lei do Estado onde está inserido o imóvel para se criar regras que não contrariem a legislação, e desta forma, ser totalmente nulas, bem como ocasionar ações cíveis de indenizações e criminais por maus-tratos.
3. Design de Interiores pensado para o Pets
A arquitetura e o design de interiores também estão sendo influenciados pela presença dos pets. Imóveis modernos frequentemente incluem características que facilitam a vida com animais, como pisos resistentes a arranhões, áreas de fácil limpeza e janelas seguras. Além disso, espaços como “pet corners” e áreas de banho para animais estão se tornando cada vez mais comuns em projetos residenciais.
4. Estratégias de Marketing Imobiliário voltado para Tutores
Diante desse cenário, as empresas do setor imobiliário têm adaptado suas estratégias de marketing para atrair os tutores desses animais de estimação. Imobiliárias e construtoras promovem seus imóveis destacando as características pet-friendly, e muitas lançam campanhas publicitárias focadas nesse público específico. Eventos para pets em condomínios e o oferecimento de serviços como pet sitting ou pet grooming são exemplos de ações que têm atraído a atenção dos consumidores, e são cada vez mais comuns, além de oferecem cuidados essenciais tanto para a saúde quanto para o conforto dos animais.
5. Desafios e Oportunidades do Mercado Pet-Friendly
Embora a adaptação ao mercado pet-friendly traga inúmeras oportunidades, também apresenta desafios. A manutenção de áreas comuns destinadas aos pets, por exemplo, exige investimentos contínuos em limpeza e infraestrutura. Além disso, é necessário equilibrar as necessidades dos tutores de animais com as preocupações dos demais moradores, garantindo um ambiente harmonioso para todos, entretanto, sempre preservando e pensando no bem-estar do não-humano (animal).
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6. Proteção de Dados e Gestão Condominial – Animais de estimação
No contexto da gestão condominial, a proteção de dados é um aspecto crucial. A administração do condomínio necessita de informações específicas dos contratos de locação para desempenhar suas funções adequadamente, incluindo a identificação completa dos locatários e locadores, o prazo de vigência dos contratos, os dados detalhados do imóvel e a data e assinatura legível e válida das partes envolvidas. Todas essas informações devem ser tratadas conforme as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo a segurança e a privacidade dos dados fornecidos, também abrange aspectos que envolvem animais de estimação. Com a crescente presença de animais de estimação nos lares, surgem novas demandas e desafios na gestão de informações que inclui os dados dos pets, tais como raça, porte, características físicas, e até mesmo dados dos Tutores relacionados aos cuidados e convivência com seus animais, promovendo um ambiente mais seguro e harmonioso para todos os residentes, humanos e não-humanos.
Conclusão
A influência dos animais de estimação no mercado imobiliário é um fenômeno crescente e que veio para ficar. As empresas que se adaptarem a essa realidade terão a oportunidade de conquistar um nicho de mercado em expansão, enquanto proporcionam aos seus clientes – humanos e não-humanos – um ambiente mais confortável e acolhedor. A evolução do mercado imobiliário, portanto, passa não apenas pela inovação e tecnologia, mas também pelo reconhecimento da importância dos laços afetivos entre pessoas e seus animais de estimação.
À medida que essa tendência se consolida, veremos cada vez mais iniciativas e adaptações que tornam a convivência entre pets e humanos mais harmoniosa e satisfatória. E o olhar atento e cuidadoso dessas mudanças do mercado imobiliário de um Advogado Condominialista Animalista, bem como Veterinários, Administradores, Arquitetos, Síndicos e Síndicas, refletirá uma sociedade que valoriza e respeita todos os seus membros, independentemente da espécie.
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Autora:
Alessandra Bravo
Advogada Condominialista Animalista, Pós-graduada em Gestão e Administração Condominial, Direito Anim, Especialista em Compliance, LGPD, Engenharia Condominia; Mediadora pelo CNJ, Professora, Palestrante, Articulista, Diretora ANACON SP, Coordenadora do Núcleo de Direito Condominial da Seccional da Comissão da Jovem Advocacia da OAB/SP, Coordenadora Pedagógica da Pós-graduação em Direito, Engenharia e Gestão Condominial e Imobiliária do Proordem, Membro da ABA – Comissão Nacional de Direito Imobiliário